- Ninguém ganha ou perde uma eleição por acaso, especialmente para cargos majoritários e Marília representa bem isso. Primeiro, bateu de frente com o primo ilustre, Eduardo Campos, com quem rompeu, tentando tornar-se uma espécie de “vítima puro sangue” do ex-governador e de sua família, o que ensejou seu desembarque no Partido dos Trabalhadores.
Beneficiando-se da condição de neta de Miguel Arraes, tentou lançar-se candidata ao Governo do Estado, em 2018 o que não prosperou, por falta de apoio do PT que, ao seu turno priorizou a aliança com o siamês PSB mas, em troca, lhe garantiria a eleição para deputada federal, o que de fato, ocorreu.
Em 2020 lançou-se candidata à prefeita do Recife e mais uma vez não obteve o apoio integral dos petistas, mas apesar disso, foi ao segundo turno com o primo socialista João Campos, sendo por este derrotada, nas urnas.
Seguindo a saga de ser do contra, desafiou o PT e já havia obtido votação, para a Primeira Secretaria da Câmara dos Deputados, só não assumindo, por um artifício da Casa, cujo cargo ficou com o deputado agora reeleito Luciano Bivar. Contudo, Marília ficou na Segunda Secretaria da Casa.
Surfando, este ano, na desunião do PT e PSB, Marília mais uma vez costura sua candidatura ao Governo do Estado e outra vez tropeça em Humberto Costa e companhia que foram contra o projeto dela.
Após desgastante puxa-encolhe, por falta de consenso em torno do nome de consenso à sucessão de Paulo Câmara e, visando evitar a que Marília saia do PT, vão todos a São Paulo beijar a mão de Lula que apela para que componha ela a chapa da Frente Popular, como candidata ao Senado, apelo não aceito.
Sem chance de candidatura por lá, Marília desembarca do PT e se mete no Solidariedade do Paulinho da Força, provocando verdadeira rearrumação no cenário que já apontava Raquel Lyra na liderança das pesquisas. A partir dali, Marília liderou de ponta a ponta, em todas as pesquisas, com ares de ser eleita já no primeiro turno, dado à distância dela para Raquel, segunda colocada.
Só que, contrariando as pesquisas, a diferença entre as duas candidatas não foi além dos três pontos percentuais e é aqui que o projeto de Marília apresenta sinal vermelho, decorridas apenas algumas horas do resultado das eleições. Marília não sai do salto alto e diz na entrevista concedida num hotel da Zona Sul que, não queria apoio de Anderson Ferreira, pois onde bolsonaristas estivessem ela não estaria e não ficou apenas nisso.
Ainda na mesma entrevista, disse que havia cumprido a primeira parte de sua missão: mandar o PSB de volta pra casa (lembrando ao leitor que, semanas depois posa ela pra fotos, ao lado de Lula e João Campos, quando recebe expressamente o apoio do PSB e toda a cúpula socialistas), mas o estrago já estava feito.
Marília, como se não bastasse, prossegue de nariz empinado, a ponto de (ante falecimento súbito do esposo de sua concorrente Raquel) recusar o pedido da viúva enlutada que consistira em adiar o Guia eleitoral por 2 dias. Ora, isso causou irritação geral (num cenário que ainda era de comoção), a ponto de obrigar Marília a jogar um vídeo nas redes sociais, tentando se justificar, mas já era tarde.
Marília prossegue dando tiro no pé, ao criticar sua oponente, por não se declarar em favor ou contra o candidato à Presidência da República, mesmo vendo que líderes apoiadores de Lula se dispunham a votar em Raquel.
Por último e numa atitude literalmente suicida, está a postar em seus guias eleitorais, depoimento de uma mãe (Irismar Vieira) que perdeu o filho, numa das unidades da Funase, tentando jogar no colo de Raquel, a responsabilidade de Raquel Lyra, pelo assassinato do jovem Yuri Wilker, há mais de dez anos.
O eleitorado não aceita mais esse tipo de coisas e deverá, também por isso, mandá-la de volta para casa, no domingo próximo. É por essas e outras que não é muito dizer: Do jeito como se nos apresenta, é de fato Marília, uma candidata desastrada.
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