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Blog Luís Machado – Sábado, 2a edição

Máscara N95

Como usar a máscara PFF2/N95? Veja respostas para 17 dúvidas sobre o modelo mais eficiente contra a Covid

Por Portal G1.

Quanto custa? Posso reutilizar ou lavar? Como sei se a máscara está ajustada corretamente? Veja respostas para essas e outras perguntas.

Você já deve ter visto profissionais de saúde ou pessoas na rua usando máscaras que parecem um bico de pato ou uma concha, com elásticos presos atrás da cabeça. Essas máscaras – ou respiradores, em seu nome técnico – são as PFF2, nomenclatura brasileira que é equivalente à americana N95.

Alguns especialistas têm feito publicações ou criado páginas em redes sociais para tirar dúvidas sobre esse tipo de máscara. O G1 conversou com alguns deles para responder às seguintes perguntas:

  1. O que é uma máscara N95/PFF2? Como ela funciona?
  2. Ela me dá maior proteção contra o coronavírus do que as máscaras de pano e as cirúrgicas?
  3. Se eu usar uma PFF2, vou também proteger outras pessoas?
  4. Eu devo usar uma PFF2 com válvula?
  5. Como eu sei se a máscara está bem ajustada?
  6. Quais são os erros mais comuns ao usar uma PFF2?
  7. Se eu sinto cheiros com a PFF2, significa que corro o risco de me contaminar?
  8. Posso usar duas PFF2 ao mesmo tempo?
  9. Para quais ambientes a PFF2 é recomendada?
  10. Como eu sei se estou comprando uma PFF2 legítima?
  11. Por quanto tempo eu posso ficar com a máscara antes de trocar?
  12. Como reutilizar a máscara?
  13. Se eu comprar máscaras PFF2, elas vão faltar para profissionais de saúde?
  14. Crianças podem usar PFF2?
  15. Quanto custa, em média, uma PFF2? Onde encontro mais barato?
  16. AS KN95 são a mesma coisa que a PFF2/N95?
  17. Qual a diferença entre PFF1, PFF2 e PFF3?

1) O que é uma máscara N95/PFF2? Como ela funciona?

Máscaras do tipo N95 (equivalentes às PFF2 brasileiras) — Foto: CDC/Pexels

Máscaras do tipo N95 (equivalentes às PFF2 brasileiras) — Foto: CDC/Pexels

A sigla PFF significa “peça facial filtrante”. No Brasil, existem 3 tipos: as PFF1, PFF2 e PFF3. As máscaras desse tipo são uma peça facial constituída parcial ou totalmente de material filtrante que cobre o nariz, a boca e o queixo.

“Portanto, necessariamente, uma PFF deve possuir uma camada de filtro, sendo que, normalmente, essa camada filtrante encontra-se entre outras duas camadas: uma de cobertura, a parte externa, e outra camada que fica em contado com a face, a camada interna”, explica Vladimir Vieira, servidor aposentado da Fundacentro, órgão do atual Ministério da Economia que elabora estudos sobre proteção respiratória, segurança, higiene e outros assuntos relacionados à medicina do trabalho.

Na camada filtrante é onde será retido o material particulado. Essa camada pode ser composta de vários polímeros: polipropileno, poliéster ou polietileno.

“Essa camada de material filtrante possui uma alta porosidade, fazendo com que a resistência à respiração – dificuldade para respirar – da PFF não seja alta”, pontua Vladimir Vieira, que também dá aulas em cursos de medicina e segurança do trabalho.

Enfermeira usa máscara do tipo PFF2 e outros equipamentos de proteção individual (EPIs) contra o coronavírus em Madri, na Espanha, no dia 3 de fevereiro. — Foto: Juan Medina/Reuters

Enfermeira usa máscara do tipo PFF2 e outros equipamentos de proteção individual (EPIs) contra o coronavírus em Madri, na Espanha, no dia 3 de fevereiro. — Foto: Juan Medina/Reuters

Ele explica que a captura do material particulado ocorre por vários mecanismos de retenção de partículas.

“Podemos destacar um deles, que é a atração eletrostática. Com a tecnologia avançada atualmente, as camadas filtrantes são fabricadas com materiais que capturam partículas que emitem cargas negativas. A fibra do material filtrante emite cargas positivas”, diz.

“Assim, o material filtrante ‘atrai’ as partículas que entram em contato com a máscara e não deixa que elas entrem nas vias respiratórias do usuário. Importante destacar que as partículas são capturadas não na superfície da máscara, e, sim, na camada filtrante”, esclarece Vieira.

As PFF são, ainda, classificadas de acordo com a sua capacidade de reter partículas sólidas e líquidas à base de água ou sólidas e líquidas à base de óleo ou outro líquido diferente de água. Nesses casos, elas recebem, também, a nomenclatura (S) ou (SL), respectivamente. Esse símbolo pode aparecer na embalagem (veja mais detalhes sobre o que deve estar na embalagem na pergunta 10).

Na Europa, a PFF é conhecida como FFP (inglês para “filtering face piece“). A PFF2 é equivalente, nos Estados Unidos, às N95, e, na Europa, às FFP2.

No Brasil, as tiras da PFF2 devem ser atrás da cabeça.

2) Ela me dá maior proteção contra o coronavírus do que as máscaras de pano e as cirúrgicas?

Médico de emergência em Madri, na Espanha, coloca máscara cirúrgica contra o coronavírus no dia 2 de março. — Foto: Juan Medina/Reuters

Médico de emergência em Madri, na Espanha, coloca máscara cirúrgica contra o coronavírus no dia 2 de março. — Foto: Juan Medina/Reuters

Se estiver bem vedada, sim. Isso porque, quando está bem aderida ao rosto, a máscara impede que o vírus entre pelas “folgas” que acabam sendo criadas pelas máscaras de pano ou cirúrgicas. Para isso, é preciso ajustar bem o clipe nasal, o pedacinho de metal que as PFF2 têm. Algumas delas têm o clipe nasal na parte de dentro.

“As PFF2 são uma alternativa segura, barata fácil de se encontrar para as máscaras de pano e as máscaras cirúrgicas, principalmente porque essas não oferecem o mesmo grau de proteção contra a Covid”, explica Beatriz Klimeck, doutoranda em Saúde Coletiva na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) por trás da página “Qual Máscara?” na rede social Twitter (assista ao vídeo no topo da reportagem).

A PFF2 tem, por exemplo, poder de filtragem, o que as máscaras de pano não têm.

“A máscara cirúrgica tem boa eficiência de filtragem, mas tem um vazamento grande nas laterais na região da bochecha. Ela filtra bem, mas nem sempre veda bem”, explica o engenheiro biomédico Vitor Mori, da Universidade de Vermont, nos Estados Unidos, no episódio de ‘O Assunto’ sobre máscaras (escute abaixo na íntegra).

As máscaras PFF2 são consideradas equipamentos de proteção individual (EPIs) – por isso, são construídas para garantir um nível grande de proteção, explica Mori, que também fala sobre máscaras no Twitter.

“Além de garantir uma boa vedação, elas também passam por testes muito rigorosos com relação à filtragem: são máscaras que, por padrão, têm que filtrar pelo menos 94% das partículas de 0,3 mícrons, que são as mais difíceis de serem coletadas”, diz.

3) Se eu usar uma PFF2, vou também proteger outras pessoas?

Sim – desde que a máscara não tenha válvulas e esteja bem aderida ao rosto.

“Quanto mais bem vedada a máscara estiver e quanto melhor for a qualidade da filtração, mais essa máscara vai proteger os outros das partículas que você emite e mais vai te proteger também”, diz Vitor Mori.

“A máscara, antes de mais nada, tem que estar bem ajustada ao rosto”, reforça. “Ela tem que estar sem vazamentos pelas laterais, com o máximo de vedação possível, e, além disso, tem que ter um elemento filtrante de boa qualidade, de forma que todo o ar que entre ou que saia passe por esse elemento”.

Um estudo publicado na revista científica ‘Science’ mediu o quanto máscaras de vários tipos conseguiam impedir que as gotículas expelidas por uma pessoa ao falar se espalhassem pelo ambiente. A PFF2 – sem válvula – foi a que melhor cumpriu esse objetivo (veja vídeo abaixo).

VÍDEO: Comparativo de máscaras, segundo estudo publicado na 'Science'

VÍDEO: Comparativo de máscaras, segundo estudo publicado na ‘Science’

4) Eu devo usar uma PFF2 com válvula?

Técnico da seleção ucraniana de futebol, Andriy Shevchenko, usa máscara com válvula. — Foto: Efrem Lukatsky/AP Photo

Técnico da seleção ucraniana de futebol, Andriy Shevchenko, usa máscara com válvula. — Foto: Efrem Lukatsky/AP Photo

Na pandemia, não. Isso porque a válvula de exalação serve para facilitar a saída de ar. Nessa saída, entretanto, se a pessoa que está usando a máscara estiver contaminada com o vírus, ela pode expelir partículas virais, ainda que em pequena quantidade, e infectar outras. Ou seja: a PFF2 com válvula protege a pessoa que está usando, mas não as que estão ao redor.

Na quinta-feira (11), a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) proibiu o uso de PFF2 com válvulas em aeroportos e aviões. (Veja mais sobre recomendações de uso da PFF2 na pergunta 9).

A cientista Melissa Markoski, professora de biossegurança da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA) e integrante da Rede Análise Covid-19, alerta que a PFF2 com válvula não deve ser usada.

Máscaras N95 ou PFF2 são as mais eficientes na proteção contra o coronavírus

Máscaras N95 ou PFF2 são as mais eficientes na proteção contra o coronavírus

“Essa válvula existe para facilitar a saída do ar – e, junto com essa saída do ar facilitada, as partículas do Sars-CoV-2 podem ser liberadas também. Esse modelo de máscara não é utilizado pelos profissionais de saúde, então nós não recomendamos que a população utilize”, afirma.

5) Como eu sei se a máscara está bem ajustada?

  • Faça a verificação da vedação: com as duas mãos, cubra a maior parte possível da superfície da máscara e expire. Veja se há algum vazamento de ar nas laterais. Outra possibilidade é passar um espelho de mão próximo aos lados do rosto e verificar se houve embaçamento.
  • Veja se a máscara cede quando você inspira e se infla quando você expira. Se você usa óculos, um possível indicador é: se os óculos ficam embaçados, a máscara pode não estar vedando bem.
  • Ajuste o clipe nasal, com as duas mãos, para não sair ar.

(Assista ao vídeo no topo desta reportagem para visualizar o teste).

6) Quais são os erros mais comuns ao usar uma PFF2?

Veja, no infográfico abaixo, os erros mais comuns (e as instruções de ajuste) no uso da máscara:

Veja as instruções de uso (e os principais erros) da PFF2 — Foto: Anderson Cattai/G1

Veja as instruções de uso (e os principais erros) da PFF2 — Foto: Anderson Cattai/G1

7) Se eu sinto cheiros com a PFF2, significa que corro o risco de me contaminar?

Não. A máscara não foi feita para segurar cheiros, explica Vladimir Vieira. Por isso, sentir cheiro do cigarro de alguém na rua, por exemplo, não significa risco de contaminação se a pessoa estiver infectada.

“A camada filtrante dela é para bioaerossol, para material particulado. Se a pessoa está contaminada e você está usando a PFF2 de forma correta, o fato de você sentir o cheiro porque ela está fumando, no caso, se você está com a máscara bem vedada, isso não teria problema nenhum”, afirma.

8) Posso usar duas PFF2 ao mesmo tempo?

Não. Por dois motivos: a de cima pode deslocar a de baixo e há um aumento da dificuldade de respirar.

Uma saída possível, explica Vladimir Vieira, é usar uma máscara cirúrgica por cima da PFF2. Isso porque a máscara cirúrgica não aumenta tanto a dificuldade de respirar quanto o outro tipo.

Mas o especialista também alerta que colocar a máscara cirúrgica “dentro” da PFF2 não é recomendado.

“Tomando cuidado para verificar a vedação da máscara, você diminui a sujidade dessa máscara – acaba aumentando um pouco mais o tempo de uso [da PFF2] quando coloca uma cirúrgica. A cirúrgica embaixo da PFF2, não”, alerta.

9) Para quais ambientes a PFF2 é recomendada?

Pessoas circulam pela estação da Luz, em São Paulo, no dia 4 de março. Especialistas recomendam o uso das máscaras do tipo PFF2 em locais fechados, mal ventilados e com aglomerações – como o transporte público. — Foto: Amanda Perobelli/Reuters

Pessoas circulam pela estação da Luz, em São Paulo, no dia 4 de março. Especialistas recomendam o uso das máscaras do tipo PFF2 em locais fechados, mal ventilados e com aglomerações – como o transporte público. — Foto: Amanda Perobelli/Reuters

Principalmente para locais fechados e/ou mal ventilados e com muitas pessoas – como, por exemplo, o transporte público ou aviões e aeroportos.

Locais fechados e mal ventilados trazem maior risco de contaminação porque os aerossóis emitidos pelas pessoas ao falar, respirar ou tossir, por exemplo, ficam mais tempo em suspensão, ao invés de evaporarem ou serem dispersados. Se esses aerossóis estiverem carregando o coronavírus, outra pessoa, no mesmo ambiente, pode inalar essas partículas e se contaminar. É assim que funciona a transmissão pelo ar – o contágio sem que se tenha contato direto com uma pessoa infectada.

“Se for completamente inevitável ir para um local fechado, mal ventilado, com muita gente, aí é interessante pensar na opção de utilizar uma máscara de melhor qualidade, de preferência um respirador do tipo PFF2”, avalia Vitor Mori.

Se estiver cuidando de uma pessoa com Covid em casa, a PFF2 também é recomendável, desde que seja usada de maneira correta, lembra Vladimir Vieira.

10) Como eu sei se estou comprando uma PFF2 legítima?

Confira se a PFF2 tem o selo do Inmetro. Em algumas, ele pode vir, também, na parte interna da máscara. — Foto: Lara Pinheiro/G1

Beatriz Klimeck dá algumas dicas:

  • Procure o número do “CA” (sigla para Certificado de Aprovação) na embalagem. Esse número é emitido pelo Ministério do Trabalho.
  • Depois de encontrar o número, faça uma rápida busca on-line e descubra se o CA está ativo. Se estiver, veja se a descrição na página corresponde ao produto que está na embalagem. Veja abaixo um exemplo de busca:

Depois de encontrar o número, faça uma rápida busca on-line e descubra se o CA está ativo. Se estiver, veja se a descrição na página corresponde ao produto que está na embalagem. — Foto: Reprodução

  • Confira se os elásticos prendem atrás da cabeça (e não da orelha).
  • Confira se a PFF2 tem o selo do Inmetro.
  • Se estiver escrito na embalagem que a máscara é lavável, não compre, porque as PFF2 não são laváveis (veja detalhes na pergunta 13).
  • Se a máscara tem costura de máquina – com linha – não é uma PFF2, porque elas são seladas.
  • A máscara pode ter a nomenclatura (S) ou (SL) na embalagem; isso simboliza a capacidade de reter partículas sólidas e líquidas à base de água (S) ou sólidas e líquidas à base de óleo ou outro líquido diferente de água (SL). Para o coronavírus, a sigla S já é suficiente.

Klimeck também reforça que é necessário atentar para outros detalhes visuais – porque algumas marcas colocam, na embalagem, um CA que não corresponde ao produto que está ali dentro.

“Só analisar o CA não é a garantia. Tem que observar as condições da máscara”, diz Klimeck. “Não precisa dizer, na embalagem, que ela protege contra vírus. Porque elas não dizem – dizem que protegem contra poeira e outras partículas. Elas são instrumentos de trabalho – colateralmente protegem contra o vírus, mas não é o objetivo central delas”, esclarece.

Atenção: como, no Brasil, a nomenclatura N95 não é utilizada, é provável que você encontre apenas a sigla “PFF2” na embalagem.

11) Por quanto tempo eu posso ficar com a máscara antes de trocar?

Em uso comum, fora de ambiente hospitalar, não existe uma regra.

O Centro de Controle de Doenças dos Estados Unidos (CDC, na sigla em inglês) diz que uma consideração importante para o uso prolongado seguro das N95 é que a máscara deve manter seu ajuste e função. Experiências em indústrias, por exemplo, apontam que elas continuam funcionando por 8 horas de uso contínuo ou intermitente.

“Assim, a duração máxima de uso contínuo em locais de trabalho de saúde sem poeira é normalmente ditada por questões de higiene (por exemplo, o respirador foi descartado porque ficou contaminado) ou por considerações práticas (por exemplo, necessidade de usar o banheiro, intervalos para refeições etc.), em vez de um número predeterminado de horas”, considera o órgão.

Melissa Markoski, da UFCSPA, recomenda trocar a máscara a cada 4 ou 6 horas. A Organização Mundial de Saúde (OMS) também prevê o uso por no máximo 6 horas no caso de profissionais de saúde e quando há escassez das máscaras.

“Se uma pessoa trabalha e tem um turno de 8 horas de trabalho por dia, é ideal que ela tenha 2 máscaras, porque ela pode ser utilizada entre 4 e 6 horas. Então, a pessoa precisa, num turno de trabalho, fazer uma substituição”, aconselha.

Ela explica que, para uso por períodos mais longos, é preciso se atentar a alguns detalhes – como, por exemplo, evitar falar demais, para não umedecer a máscara.

“Com essa questão do tempo estendido de uso, se tem recomendado esse uso por até 8 horas. Mas vamos pensar nas condições, porque as máscaras precisam não estar umedecidas. Então, se a pessoa vai passar 8 horas com a máscara, ela precisa entender que não pode passar 8 horas falando, conversando, isso vai umedecer a máscara mais rapidamente”, alerta Markoski.

Em áreas de alto risco, com maior chance de contato com aerossóis, a recomendação é diminuir o tempo de uso. “O ideal seria utilizar um tempo menor e, depois, fazer uma reposição”, diz.

Beatriz Klimeck, da Uerj, afirma que passar de um determinado número de horas de uso não significa que a máscara perde completamente a eficiência.

“A gente recomenda por até 8 horas, mas não é como se passar [desse tempo] fosse desproteger completamente a pessoa”, diz. “É preciso dizer que, se a pessoa precisou ficar 12 horas com a máscara, sem dúvida ela está mais protegida do que se estivesse com qualquer outra. Então não é como se, em 12 horas, a máscara chegasse a zero de filtragem”, pondera Klimeck.

12) Como reutilizar a máscara?

Reutilizar, para uso fora de hospitais, é possível; lavar, não. Não use álcool, sabão ou qualquer produto de limpeza.

“Num cenário ideal, sem escassez de recursos, seria utilizar uma vez e descartar. Mas, se todo mundo fizer isso, vai acabar faltando”, lembra Vitor Mori.

Veja algumas recomendações de reuso da máscara:

  • Não lave, passe álcool ou qualquer produto químico.
  • Não molhe.
  • Deixe em local ventilado, arejado e longe da luz solar intensa e prolongada.
  • Deixe descansando por, no mínimo, 3 dias, e, se possível, 7. Uma opção é separar uma máscara para cada dia da semana e numerá-las.
  • Não reutilize em sequência (por exemplo: se você saiu com a máscara 1, não a utilize da próxima vez que sair, mesmo que tenha usado por pouco tempo).

“Como você não tem como saber se no ambiente em que você está tem uma pessoa ou mais de uma pessoa infectada, sempre que for a algum lugar, deixe [descansar] 3 dias, porque reutilizar envolve a chance de se contaminar quando recoloca a máscara”, lembra Beatriz Klimeck.

Melissa Markoski avalia que até períodos menores de descanso – de 48h – são suficientes para “descansar” a máscara e inativar partículas virais que possam estar ali.

“Se a pessoa tiver um jogo de máscaras para cada dia da semana, ela só vai reutilizar a que ela usou na segunda-feira uma semana depois. Seria a condição ideal. Mas a gente sabe que a população, hoje, não tem condições de ter tantas máscaras, fazer essas reposições todas, então a gente recomenda um mínimo de 48 horas”, diz.

Para guardar as máscaras em casa, você pode pendurá-las em um varal, em ganchos na parede ou guardá-las em um envelope de papel.

“Não tem perigo de ficar numa parte da casa em que as pessoas passam, porque o vírus não sai da máscara voando. Ele precisa de partículas – no caso partículas da nossa respiração, da nossa fala – para se propagar, então a máscara pode ficar num ambiente dentro da sua casa, de preferência num lugar arejado e ventilado”, explica Klimeck.

  • Quantas vezes posso reutilizar?

O CDC considera que não há como determinar o número máximo possível de reutilizações seguras para uma máscara N95 que possa ser aplicado em todos os casos.

“A reutilização segura do N95 é afetada por uma série de variáveis que afetam a função do respirador e a contaminação ao longo do tempo. No entanto, os fabricantes de respiradores N95 podem ter orientações específicas sobre a reutilização de seus produtos”, diz o órgão.

Melissa Markoski fala em reutilizar até 7 vezes a mesma PFF2; Beatriz Klimeck, em até 15, a depender do quanto a máscara é usada e das condições em que está.

13) Se eu comprar máscaras PFF2, elas vão faltar para profissionais de saúde?

Profissional de saúde com máscara do tipo PFF2 coloca roupa de proteção individual em meio à pandemia de Covid em um hospital em Atenas, na Grécia, no dia 9 de fevereiro. — Foto: Giorgos Moutafis/Reuters

Profissional de saúde com máscara do tipo PFF2 coloca roupa de proteção individual em meio à pandemia de Covid em um hospital em Atenas, na Grécia, no dia 9 de fevereiro. — Foto: Giorgos Moutafis/Reuters

Essa possibilidade é levantada pelo CDC. O órgão não recomenda que máscaras do tipo N95 (equivalente americano da PFF2) sejam usadas pela população em geral – argumentando que elas são suprimentos críticos que devem ser reservados para profissionais de saúde.

Os Estados Unidos enfrentaram, no ano passado, falta de equipamentos de proteção individual, inclusive das N95, no combate à pandemia.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) diz que as máscaras do tipo N95 “são projetadas para proteger os profissionais de saúde que prestam cuidados a pacientes com Covid-19 em ambientes e áreas onde são realizados procedimentos de geração de aerossol”.

No Brasil, o Ministério da Saúde publicou, em 2020, uma nota informativa recomendando que as máscaras cirúrgicas e N95/PFF2 fossem priorizadas para os profissionais de saúde, considerando que os serviços de saúde são os locais com maior potencial de concentração do novo coronavírus.

Segundo Beatriz Klimeck, não há, entretanto, no Brasil, indícios de desabastecimento até agora.

“São muitas marcas, é um produto que é fácil de ser produzido. A orientação de que elas devem ser deixadas para os médicos faz sentido – mas num contexto onde a gente tem um desabastecimento”, pontua.

“Outros países – como os países da Europa, que estão obrigando o uso – estão dando subsídio, pensando formas de fomentar essa indústria. A gente tem uma indústria nacional muito grande de máscaras. O movimento não seria deixar de usar e, sim, estimular a produção – que eu acho que também é uma coisa que está acontecendo com o aumento das vendas. Os fornecedores estão interessados em comprar, ir atrás”, observa Klimeck.

Mesmo assim, Vitor Mori lembra que as PFF2 são equipamentos fundamentais para quem está na linha de frente do combate à pandemia.

“Então, minha primeira recomendação é: use com muita parcimônia. E, de preferência, é muito mais fácil, seguro e barato que a gente evite ir para locais de maior risco”, reforça.

14) Crianças podem usar PFF2?

Crianças voltam às aulas no primeiro dia de retorno em meio ao relaxamento das restrições em Pitlochry, na Escócia, no dia 22 de fevereiro. — Foto: Russell Cheyne/Reuters

Depende do tamanho da máscara e do rosto da criança, diz Beatriz Klimeck. Algumas marcas, por exemplo, produzem máscaras de tamanhos diferentes, o que pode facilitar o ajuste. Não existem, entretanto, PFF2 feitas especificamente para crianças– porque elas são, primeiro, um instrumento de trabalho.

“‘Criança’ é uma categoria muito ampla. Uma criança de 7, 8 anos consegue usar, perfeitamente, uma PFF2, se bem ajustada ao rosto. Às vezes a gente recebe foto de [criança com] 5, 6 anos, com um rosto bem ajustado numa PFF2”, afirma.

A especialista lembra que o mais importante é que a criança, seja qual for o modelo, não retire a máscara do rosto.

“A gente sempre fala que uma máscara boa para criança é uma que ela não fica tentando tirar e que consegue deixar no rosto. Para uma melhor vedação – a melhor opção nesse caso, sem ser uma PFF2, seria uma máscara cirúrgica por baixo e uma de pano por cima, bem ajustadas ao rosto”, afirma Klimeck.

“Se vai mandar para a escola, precisa vir com uma conversa sobre manter no rosto – não abaixar, não levantar. Às vezes você abaixa a máscara para ouvir, tem várias reações. É quase um treino”, diz.

15) Quanto custa, em média, uma PFF2? Onde encontro mais barato?

Segundo Beatriz Klimeck, o preço médio vai de R$ 1,80 a R$ 10. Ela alerta para lojas que têm praticado preços abusivos – como R$ 30, R$ 40 ou mais.

“Tem marcas boas e certificadas a partir de R$ 1,80. Não é nem valor de atacado, é valor de varejo a partir de R$ 1,80. Entre R$ 2 e R$ 5 você encontra muitas marcas”, afirma.

As máscaras podem ser encontradas em farmácias, mas, como é um equipamento de proteção individual (EPI) para trabalho, lojas específicas de EPIs ou de materiais de construção, por exemplo, podem ter preços menores. Procurar on-line também é uma opção.

“Se essa máscara não é acessível, o ideal é que você preste muita atenção na vedação e que tenha uma máscara que seja um pouco mais grossa”, recomenda Vitor Mori.

16) AS KN95 são a mesma coisa que a PFF2/N95?

Máscara do tipo KN95 — Foto: Markus Winkler/Pexels

Máscara do tipo KN95 — Foto: Markus Winkler/Pexels

As KN95 são a nomenclatura do padrão chinês das PFF2, mas elas têm algumas diferenças em relação às brasileiras. Uma delas é o fato de que os elásticos prendem atrás da orelha – o que reduz a capacidade de vedação das máscaras. Reforçando: não existem PFF2 brasileiras, certificadas, com o elástico atrás da orelha – só da cabeça.

Vitor Mori também alerta para as falsificações das máscaras vendidas sob a nomenclatura KN95.

“Teoricamente, ele seria equivalente em termos de eficiência de filtragem. O problema é que a gente não consegue garantir um padrão. Testes feitos nos Estados Unidos mostraram que alguns fabricantes de KN95 oferecem um produto que filtra menos de 30% das partículas de 0,3 mícrons. E é impossível diferenciar o que é uma KN95 de boa qualidade e o que não é”, alerta.

17) Qual a diferença entre PFF1, PFF2 e PFF3?

Máscaras do tipo N95 e N100 (à direita). As N95 são equivalentes às PFF2 brasileiras. — Foto: CDC/Pexels

Máscaras do tipo N95 e N100 (à direita). As N95 são equivalentes às PFF2 brasileiras. — Foto: CDC/Pexels

Quanto maior o número, maior foi a eficiência da máscara em impedir a passagem de aerossóis nos ensaios de laboratório:

  • PFF1: Possuem eficiência mínima de 80% (penetração máxima de 20% dos aerossóis)
  • PFF2: Possuem eficiência mínima de 94% (penetração máxima de 6% dos aerossóis)
  • PFF3: Possuem eficiência mínima de 99% (penetração máxima de 1% dos aerossóis)

Vladimir Vieira explica, entretanto, que, nos ensaios, o que acontece é que as fibras do material filtrante da máscara são “bombardeadas”, de forma contínua, com as partículas do aerossol de ensaio a uma velocidade de 95L/min.

Esse teste é bem mais “drástico” do que a realidade, diz o especialista, e não representa, na prática, que 6% das partículas que estão no ambiente, no caso da PFF2, vão passar pelo material filtrante da máscara.

“A pessoa não consegue respirar continuamente. A nossa respiração é uma senoide – eu inspiro e expiro. A máscara, sendo usada corretamente, é eficiente”, diz Vieira.

Além disso, o fluxo de ar que passa pela máscara em atividades normais – sem grande esforço físico – é de 30L.

“A norma prevê que o consumo de ar por trabalho leve é de 30L/min. E 95L/min seria o trabalho pesado. A pessoa em atividade normal raramente chega a esses valores, de 95L/min”, afirma Vieira.

Ele lembra, ainda, que as PFF3 acabam oferecendo mais resistência à respiração. As trocas também podem acabar sendo necessárias com menos tempo de uso, porque o material filtrante tende a entupir. E o preço dessas máscaras também costuma ser mais alto. O uso da PFF3 é recomendado, por exemplo, em alguns casos de exposição a asbesto (amianto) e sílica.

De modo geral, as PFF2 são mais recomendadas contra agentes biológicos, como o coronavírus, do que as PFF1. Mas mesmo as PFF1, apesar de terem menor poder de filtragem, ainda são melhores que as máscaras de pano ou cirúrgicas contra o coronavírus.

“É muito melhor [usar uma PFF1] do que utilizar uma máscara cirúrgica, no caso da Covid. E a resistência à respiração é mais baixa do que a PFF2” pontua Vladimir Vieira.

Ele lembra, entretanto, que profissionais de saúde em contato direto com pessoas que têm Covid devem usar a PFF2, além de outros procedimentos recomendados para evitar a contaminação.

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