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BLOG LUÍS MACHADO. Um caso de amor e dor por Recife e Olinda. Domingo, 12-03-2023

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Belíssima vista aérea do Recife.
  • Jornalistas e blogueiros leem uns aos outros. Também eu li, esta manhã o que disseram Magno Martins e o colega advogado Roberto Morais, acerca dos momentos por ambos vividos, no Recife, com destaque para a Casa do Estudante de Pernambuco, referência de socorro social para eles e para mim, também. Isso aflorou em mim o ardente desejo de dá a conhecer que, também eu, com muito orgulho, sou xepeiro (quem passou por lá não deixa de sê-lo) e, como tantos outros, sobrevivi e aqui estou, para testemunhar.

Era fascinante ouvir, nos idos de 1973/1974, por aquelas áreas alagadiças de São Bernardo-MA e Luzilândia-PI que, além de ser o Recife a terceira capital do País, de quebra, era uma das cidades mais lindas do mundo, cujo fascínio passou a suscitar meu maior sonho de consumo: morar na capital pernambucana, para “ser alguém na vida”.

Ser o quarto de doze filhos e vindo de pais agricultores semianalfabetos, não era empecilho para quem varava a noite – dos 12 aos 17 anos – ouvindo programação das rádios Clube, Jornal e Olinda, sem falar nas principais emissoras de Norte a Sul do Pais bem como da programação da BBC de Londres e outras emissoras das Antilhas Holandesas, transmitidas em português e espanhol.

Não demorou e eis que de repente, em janeiro de 1975 – com ajuda de uma “vaquinha” feita entre os figurões de Luzilândia e São Bernardo, me vejo na Avenida Conde da Boa Vista, cujo cenário (após as 18:00h) era de luzes e cores, numa impactante visão maravilhosa e surreal, para um garoto que acabara de sair das margens do Rio Parnaíba, para a glamourosa Veneza Brasileira, de tantos poetas e de vultos históricos, conhecidos nos livros de história.

Só que, ao contrário do que sentimos à primeira vista, também não demorou para que chegassem as primeiras dores que, só não foram insuportáveis, porque aqui chegamos aos cuidados de uma freira santa (Irmã Maria Pinto), das irmãs de Santa Catarina de Sena, cujo convento fica situado na Praça Chora Menino, na Boa Vista. Irmã Maria me descobriu aos 15 anos em Luzilândia e, de cara se apaixonou pelo ideário e pelos sonhos de um garoto que, para ela “não poderia ser desperdiçado naquele fim de mundo”.

Outra vaquinha foi feita entre amigos de Ir. Maria. Dava para pagar pra dormir numa cama de beliche, com mais três ou quatro jovens também aventureiros do interior e de outros Estados. Era num daqueles inúmeros quartos de pensão das ~Ruas Paissandú, Rua Velha e Rua da Glória. E a comida?

Bem, se não dava mais para continuar comendo ao lado de meninas assistidas (era eu o único jovem a frequentar o Convento para feições), era preciso ver uma alternativa e a Casa do Estudante de Pernambuco – CEP – a qual tinha seu Antônio Pinto (irmão de Ir. Maria) como um dos manda chuvas, era a tábua de salvação e não ser obrigado a voltar para o Mocambo-São Berenardo-MA. Era preciso falar com ele. Aventurar por uma vaga de xepeiro.

Dito e feito. Conseguimos entrar para o seleto grupo da xepa, para alegria geral. Não havia mais vagas para internos. Sem problema, já que a vaquinha dos amigos da freira estava garantida ao pagamento da vaga, no citado quartinho de pensão. O tempo passava e nada de emprego, apesar de completados os 18 anos. Faltava qualificação, faltava experiência, faltava tudo. Aliás, quase tudo, porque sobrava sonhos, esperança e força de vontade.

Só no Natal de 1977 veio a primeira chance: 30 dias como vendedor, na Viana Leal para depois, outras experiências-relâmpago, em gráficas e outros, até que, em 1978, a chance de ouro: Trabalhar no Diário de Pernambuco, de onde só saí em 1986, para iniciar a carreira de advogado. Foi pelo velho DP que conheci e me apaixonei ainda mais pelo Recife e não só. Também pela mística e encantadora Olinda, de Duarte Coelho Pereira.

Bela vista aérea de Olinda
  • Apesar do acalentado sonho de conhecer a Marim dos Caetés, só após muito tempo pude fazê-lo. Não havia dinheiro para pagar ônibus e lá chegar. Somente olhava à distância, aquela tão sonhada cidade, para a qual o destino nos reservou a feliz coincidência: Para lá fomos morar, em 1981. A demora foi compensada, já que fui morar exatamente em frente à histórica casa de Duarte Coelho, donatário da Capitania de Pernambuco, que deu mais lucro, situada no bairro do Varadouro.

Eis, portanto, nosso singelo e humilde testemunho, nesse dia feliz, em que comemoramos os 486 anos da Recife que me adotou e da qual, como xepeiro, falo como filho adotado e agradecido, por tudo que me deu. Extensivo agradecimento e regozijo à fascinante Olinda, Patrimônio Histórico e Cultuiral da Humanidade. Por tudo o que representam, não haveria Olinda sem Recife nem Recife sem Olinda, duas irmãs siamesas, de gestação e de luz. Parabéns Recife! Parabéns, Olinda! Parabéns, também para nós!…

Comento, argumento. Só não invento!

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One thought on “BLOG LUÍS MACHADO. Um caso de amor e dor por Recife e Olinda. Domingo, 12-03-2023

  • Flávio José Marques da Fonseca

    Poético e belo texto! Parabéns Recife, Olinda e a todos nós, que vivenciamos estas belas cidades!

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