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BLOG LUÍS MACHADO – Segunda-feira, 20.06.2022

MARCO MACIEL E SÃO JOÃO PAULO II: TODO CATÓLICO PRECISA LER ISSO

Marco Maciel usou da sua influência e prestígio, para manter a visita do Papa ao Recife, que o Vaticano chegou a cancelar

*Do Blog Magno Martins.

Capítulo 6 

Católico fervoroso, Marco Maciel rezava de joelhos ao acordar. Em voos, só decolava depois de ler a Bíblia, que andava nas mãos. A cada fim de um dia estressante, sem hora para acabar, lia trechos bíblicos das edições “Liturgia diária” ou da “Liturgia das horas”. A religiosidade herdou do pai José do Rego Maciel, imortalizado com o seu nome do estádio do Santa Cruz, o Arrudão.

“Diziam que ele ‘fazia primeira comunhão’ todo dia, de tão católico que ele era. Ele lia muito as encíclicas papais”, lembra o jornalista Ângelo Castelo Branco, autor do livro “Marco Maciel, um artífice do entendimento”. O ex-governador era tão beato que não perdia uma missa dominical. 

Na campanha de 1990, em pleno domingo, depois de uma agenda passando por seis municípios, Maciel estava com voo marcado para Brasília por volta das 20 horas, mas não queria decolar sem ir à igreja. Então coordenador da logística, a pedido de Joaquim Francisco, candidato a governador, o Coronel Tarciso Calado recebeu a missão de convencer o pároco de Gravatá a antecipar a missa das 18 horas em uma hora, para às 17 horas.

Consultado, o sacristão da paróquia disse que era impossível, até porque a comunidade católica de Gravatá estava habituada, historicamente, a frequentar a missa das seis da noite. Calado insistiu, o padre não se dobrou, mas encontrou uma saída: celebrar uma missa extra, às 17 horas, horário que daria tempo para o embarque do senador no aeroporto do Recife.

Os sinos da igreja começaram a tocar meia hora antes, mas em vão. Quando o padre abriu a liturgia, para desespero do sacristão, que tudo fez para atrair fiéis, só havia três almas vivas cristãs no templo: Maciel, um assessor e o motorista. Nada constrangeu o senador, que assistiu atentamente à preleção, comungou e agradeceu à gentileza do esforço do padre pela hora extra.

A taxa da missa já havia sido acertada pelo Coronel Tarciso. Quando estava no Recife, Marco Maciel e sua Ana Maria frequentavam a missa das seis na igreja da Praça de Boa Viagem. Certo dia, Maciel chegou meia hora antes à igreja, não havia ninguém. Resolveu então matar o tempo sentado num banquinho da praça.

Nisso, chega um bêbado, senta ao lado, olha em direção ao casal e sapeca:

“O senhor se parece muito com Marco Maciel, sabia?”

Calado estava, calado ficou.

O bêbado então repetiu a assertiva: “O senhor se parece muito com Marco Maciel, sabia?”

Maciel permaneceu mudo, até Ana Maria, sua esposa, perder a paciência: “Marco Antônio, diga logo você é o próprio”.

Na terceira investida do bebum, o então vice-presidente da República se curvou à investida da esposa.

“Eu sou Marco Maciel”, respondeu, em direção ao interlocutor que estava pra lá de Bagdá.

Então, o bêbado, num tom mais alto, com entusiasmo, exclamou:

“Eu não lhe disse! Fique sabendo: o senhor é Marco Maciel”.

Corria o ano de 1980. Uma boa nova enchia de alegria e expectativa todos os pernambucanos: a vinda do Papa João Paulo II ao Recife! Era a primeira visita de um Sumo Pontífice à América do Sul, ao Brasil. E Pernambuco estava entre os Estados que o Papa cumpriria agenda. Houve mobilização de toda sociedade, instituições e comunidades. Uma Comissão para organizar o grande evento de proporções nunca antes vista foi composta pela Arquidiocese de Olinda e Recife, Casa Civil do Governo de Pernambuco e o Comando do IV Exército. 

O Santo Padre, além de Líder Religioso era Chefe de Estado, portanto todo aparato era necessário, principalmente por seu carisma e pelo que representava no mundo cristão. Havia uma saudável euforia da população. Mons. Paul Marcinkus, representando o Estado do Vaticano, fazia a viagem precursora avaliando com a Comissão todos os detalhes da visita do João Paulo II.

“No fim da tarde de uma sexta-feira, um mês antes da visita, chega uma comunicação reservada ao governador Marco Maciel, preparando-o para o cancelamento da passagem do Papa por Pernambuco, devido à extensa agenda no Brasil. A notícia caiu como um míssil dentro do Palácio. Pernambuco, Estado com profunda raiz católica, não poderia sofrer uma decepção dessas”, lembra Silvio Amorim, subchefe da Casa Civil no Governo Maciel.

Essa “bomba”, segundo ele, já com relógio ligado em contagem regressiva, ficou nas mãos de Marco Maciel. “Como era de se esperar, de pronto, ele não aceitou, assim como Margarida Cantarelli, então Chefe da Casa Civil. Como católico fiel, praticante e cristão, seria uma tremenda decepção para Maciel não receber o Papa em Pernambuco na condição de governador”.

 “Maciel convocou uma reunião no seu gabinete às pressas para articular uma estratégia capaz de reverter a situação. O governador não autorizou a divulgação do cancelamento até esgotar todas as possibilidades de negociações”, relembra Amorim. Após vários contatos no circuito Recife/Brasília/Vaticano, no sábado à noite, uma carta estava pronta para ser levada ao Núncio Apostólico, Embaixador do Estado do Vaticano no Brasil, Dom Carmine Rocco. 

“Fui escalado, como subchefe da Casa Civil, para ser o portador da mensagem. No avião do Governo do Estado, que era de pequeno porte, não chegaria a tempo. Era “mensagem a Garcia”. Saí para pegar o primeiro voo. Foi uma viagem tensa. Havia naquela época grande dificuldade de voos com cancelamentos e atrasos. O Núncio Apostólico marcou um café da manhã para às 7h, após celebrar sua missa dominical. Recebido gentilmente pelo reverendíssimo, ele prometeu tratar do assunto diretamente com o Santo Padre”, contou o subchefe da Casa Civil.

Silvio Amorim recorda a espera angustiante. “Quando chegou a confirmação da visita do Papa ao Recife, o alívio. Uma grande vontade de fazer um evento para ficar na história do Recife, de Pernambuco, como ficou. Margarida Cantarelli e Dom Hélder Câmara, então nosso Arcebispo, coordenaram um evento único e que dificilmente será superado em emoção, sentimentos, ação, organização e logística”, disse.

No dia 7 de julho de 1980, às 15h42, o Papa João Paulo II era recebido ao pé da escada do Boeing 737 da FAB por Dom Helder Câmara, Marco Maciel, esposa Anna Maria e Augusto Rodrigues Filho, então chefe do Cerimonial. “Quem viveu a época sabe do que estou falando. A área do Joana Bezerra, onde hoje funciona o Fórum, teve o viaduto como altar, palco do testemunho de fé”, recorda Amorim, para completar:

“O desfile no Papamóvel por 24 km passou pelas principais vias do Recife e ao passar pelo Palácio do Campo das Princesas encontrou os cadeirantes reunidos no calçadão com a seguinte mensagem ao Papa andarilho: “João Paulo, andai por nós”. Silvio Amorim revela o motivo pelo qual resolveu contar uma espécie de segredo de Estado, que Marco Maciel não deixou vazar na época:

“Conto hoje esta história para registrar um acontecimento relevante de bastidores e que por extrema discrição, o governador Marco Maciel sempre evitou divulgar. Poderíamos estar lamentando o que não aconteceu, mas o Santo Padre, hoje só Santo, tinha um fiel escudeiro em terras nunca dantes beijada”.

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