Sem querer influenciar as filhas a entrarem no mundo da política, o pai coruja já constrói um legado respeitável

Ao marcar presença no ato de filiação do prefeito de Olinda, Professor Lupércio, ao PSD presidido, em Pernambuco, pelo ministro André de Paula, da Aquicultura e Pesca, na tarde dessa sexta-feira (29), pudemos testemunhar que, algumas daquelas pessoas públicas, ali presentes, longe estão de serem o que povoa, em geral, a cabeça da maioria do eleitorado. Foi proveitoso constatar que há muito engano em muitos, ao acharem que “todo político calça 40”, que “todos são iguais e farinha do mesmo saco”, dentre outras assertivas equivocadas, para não dizer, injustas.
No geral, quando se fala de política partidária ou de políticos, lamentavelmente, os indiferentes à temática torcem o nariz ou agem com desdém, como se não se tratasse de algo tão necessário hoje, nesse mundo globalizado, sem a qual é impossível viver, especialmente diante da complexidade que os desafios da vida moderna nos apresentam.
Pena que, ao longo de décadas, a perder de vista (no Brasil e no mundo), o conceito da classe política tem-se deteriorado em índices alarmantes, espraiando-se a todos os segmentos da vida onde até setores do Judiciário e das Forças Armadas deixaram-se ‘contaminar’ pelo vírus da indecência e ética, em prejuízo de todos nós, geração do presente. Quando se lê a biografia de nomes destacados da política recente como Marco Maciel, Pedro Simon e Jarbas Vasconcelos – para citar apenas estes -, vemos o quanto nos distanciamos da prática de valores tão caros.
Felizmente, foi oportuno e possível se emocionar com o breve e edificante testemunho do gestor olindense Prof Lupércio que, ao fazer uso da palavra, relembrou momentos vividos no passado, de tremenda luta para galgar um lugar ao sol, diante da pobreza e tantas intempéries que a vida difícil de então, lhe ofereceu. Venceu e convenceu. Mas, não foi só isso.
Foi também prazeroso ver que, o amigo ‘das antigas’ André de Paula que, apesar da trajetória diferente de Lupércio, entendeu cedo e desde os tempos de engajamento nos movimentos estudantis (na Faculdade de Direito do Recife) bem como na Juventude Liberal – ala jovem do então Partido da Frente Liberal -, que política feita com ética e responsabilidade são instrumentos eficazes de transformação social.
Não por menos, foi com obstinação e luta que galgou, pelo voto do povo, cargos com reiterados mandatos de vereador, deputado estadual e federal , secretário de Estado e agora ministro de Estado, do governo do presidente Luiz Lula da Silva. Isso sem falar em suas campanhas majoritárias para prefeito do Recife e senador da República, todas com distinção e êxito, em termos de votação eleitoral. Mas, ainda nem é só por isso que o citado político merece os louvores dos Pernambucanos. Há outras razões para isso.
Somente ao final da aludida solenidade, em conversa com pai e filhas, fiquei sabendo que André de Paula nem queria que as filhas Cacau de Paula (secretária de Cultura do Governo Raquel Lyra) e Andréa (Déa) de Paula, secretária de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos de Olinda entrassem, na vida pública. Talvez por conhecer os riscos e vicissitudes que a política pode oferecer a quem nela se aventura.
Foi revelador saber, por eles mesmos que, por todos os cargos públicos por onde as filhas passaram e passam, sempre trilharam o caminho da ética e da responsabilidade. “A gente sabe e aprendeu com nosso pai que, fazendo as coisas direito, a gente consegue entrar e sair bem, em qualquer lugar”, pontuou Cacau de Paula. Por sua vez, disse o ministro: “A gente se conhece, eu e Luís, há muito tempo, desde os tempos de Faculdade. Às vezes digo à ele: Nem tudo que parece correto à primeira vista, de fato é. Mas buscando dialogar com os contrários, pode ter certeza que a gente chega à solução. É assim que busco fazer”, finalizou.
Diante da imprensa, autoridades e assessores, na sede do seu Partido, em Boa Viagem, era visível a emoção e orgulho do pai, ao ver que as filhas não abrem mão dos chamados princípios republicanos, todos enaltecidos pelos oradores. De fato, isso não é coisa pequena e mostra que é possível fazer política sem politicagem.
Pois bem. Às vezes, até injustamente, somos tidos como um blogueiro ácido e que parece gostar de criticar mais do que enaltecer os políticos e suas ações. Engano! Se o que nos chega, dá conta de que agiram errado, a depender das circunstâncias, buscamos nos inteirar pessoalmente, para obter a versão dos fatos, junto às partes, não sendo capcioso ou desumano. Mas se é manifesto que merecem elogios, não temos qualquer dificuldade em fazê-lo. Isso não é favor. Isso é jornalismo.