
A destituição do bispo norte-americano Joseph Strickland, um dos maiores críticos entre os católicos conservadores dos Estados Unidos, enfurece ainda mais os adeptos da chamada sã doutrina da Igreja. O citado afastamento foi comunicado pelo Vaticano, neste sábado (11), conforme vem repercutindo, em todo o mundo.
Strickland foi nomeado em 2012 pelo Papa Bento XVI, o qual, a exemplo de muitos outros bispos e cardeais, ao redor do mundo, vinha se opondo às tentativas de Francisco, de tornar a Igreja Católica mais próxima da comunidade LGBTQIA+. Essa “aproximação” tem causado desconforto, especialmente agora, em que o Papa (logo após o encerramento da segunda etapa do “Sínodo da Sinodalidade”, realizado no Vaticano) autorizou a que pessoas trangêneras (que mudaram de sexo) possam ser batizadas, na Igreja Católica.
Só que, ao contrário do que divulgam os órgãos de imprensa do Vaticano – estes contam com a simpatia da imprensa internacional, em favor das pautas revolucionárias de Francisco e da chamada Teologia da Libertação – a postura do destituído prelado justifica-se pelas recentes medidas da Igreja que, no pontificado de Francisco tem priorizado questões políticas preconizadas pela ONU (clima, meio ambiente, ideologia de gênero, etc), em detrimento das questões especialmente voltadas à parte espiritual, conforme preconizam os documentos oficiais, o Evangelho e a tradição da Igreja.
Cumpre dizer que, o desligamento de um religioso deste patamar é raro. A “expulsão” do Bispo se dá poucos meses após o papa ter enviado outros dois bispos americanos para “visitar” a Diocese de Tyler, no Texas (EUA), em junho deste ano.
Segundo foi noticiado pela agência internacional de notícia Reuters, a ação do Papa teria feito parte de uma “investigação” do Vaticano sobre a gestão financeira da diocese administrada por Strickland. A verdade é que, se o bispo contraria o Papa, nas pautas progressistas deste e, de quebra, não repassa à Cúria o esperado volume de dinheiro, a destituição dele é tida como literalmente consumada.
Para ser simpático aos críticos e à imprensa alinhados com ele, ao redor do mundo (especialmente em questões de moral), justificou o Vaticano que teria Joseph Strickland se oposto ao movimento LGBTQIA+, além de ter sido “negligente” quanto aos repasses financeiros da Diocese para a Cúria Romana. Ao que parece, as “justificativas do Papa Francisco não se sustentam e tanto é verdade que, não destituiu todos os bispos que estão na mesma situação do religioso americano.
A raiva de Francisco (que é notoriamente simpático à esquerda, politicamente falando) é porque Strickland seria apoiador do ex-presidente Donald Trump, sendo o bispo um dos maiores expoentes da ala católica tida como “ultraconservadora” nos EUA. Leia-se: o religioso destituído segue a ala doutrinária da Igreja, preconizada em seus documentos. Para os contrários, isso chama-se ultraconservadorismo, como se isso fosse algo necessariamente ruim ou anticristão.
Só para lembrar, já faz um bom tempo que o Vaticano vem mostrando inconformismo com as diminuições nas contribuições financeiras dos bispos americanos. Afinal, seriam estes os mais ricos do mundo. Se as justificativas para a baixa no volume financeiro era a pandemia da Covid-19, agora “isso é coisa do passado”. É preciso voltar aos bons tempos em que, a Igreja nos Estados Unidos contribuía com milhões e milhões de dólares, ao Vaticano. Nem que para isso agora seja preciso insistir nas contribuições (por parte dos fiéis), através do dízimo que, das paróquias vão para as dioceses e destas para o Vaticano, nos percentuais respectivos, anteriores.
Mas, por incrível que pareça, a divisão na Igreja não tem se agravado por questões financeiras e sim, por questões ideológicas e de moral. Enquanto Francisco é implacável à pedofilia praticada por setores do clero, tendo gerado milhões de dólares, em indenizações (ser contra a pedofilia está correto), por outro lado, não tem sido contundente, na mesma medida, frente aos países que legalizaram o aborto (e por isso ele está errado), como foi o caso da Argentina e agora tende a ser aprovado em praticamente todos os Estados Unidos.
Bem que Francisco deveria pressionar mais enfaticamente, contra o aborto. Obviamente que o Papa até se manifesta contrário, porém de forma mais protocolar do que apostólica. Não pressiona governos e Nações porque, primeiro, isso não é prioridade absoluta “de vida ou morte” de seu papado. Segundo e por tabela, isso afrontaria interesses poderosos, dentro e fora da Igreja. Sim, porque, por incrível que pareça, há bispos e padres favoráveis ou indiferentes ao aborto, no seio da Igreja. É melhor ser “simpático” ao mundo favorável ao movimento LGBTQIA+ e aos críticos de uma Igreja “conservadora e ultrapassada” do que “remar contra a maré”.
Ao que tudo indica, a destituição do citado bispo, pelo Papa, é apenas uma espécie de início do que vem pela frente. Após a conclusão do Sínodo, em outubro de 2024 – quando tudo indica que o Papa autorizará a ordenação de mulheres, (primeiro ao Diaconato) além de outras medidas que abalarão o mundo católico – os desdobramentos deverão ser bem maios traumáticos. É recorrente entre católicos praticantes, que Francisco estaria instituindo, na verdade, uma “nova Igreja”, dentro da Igreja Católica. Como diz o ditado, ‘não há nada tão ruim, que não possa piorar’. O tempo dirá!