
_Documento assinado em audiência pública realizada na Alepe reúne posicionamento de parlamentares, trabalhadores e movimentos sociais em defesa da gestão pública do Metrô do Recife._
Em audiência pública realizada nesta segunda-feira (20) na Comissão de Administração Pública da Assembleia Legislativa de Pernambuco, foi assinada a Carta ao Presidente Lula em Defesa do Metrô Público e contra a Privatização. O documento, que será entregue ao presidente da República em Brasília, reúne o posicionamento de parlamentares, trabalhadores, especialistas, movimentos sociais e usuários do metrô, que defendem o fortalecimento da gestão pública federal do sistema como condição essencial para garantir o direito à mobilidade, a modernização do serviço e a justiça social. A audiência contou com a participação de representantes da sociedade civil comprometidos com a defesa do patrimônio público.
A audiência foi realizada a partir da iniciativa do deputado João Paulo (PT), em parceria com a deputada Rosa Amorim. De acordo com o parlamentar — “O que está em jogo é o direito à mobilidade da população trabalhadora. O metrô é essencial para a vida das pessoas, para o meio ambiente e para o desenvolvimento da Região Metropolitana. É dever do Estado modernizar e ampliar o sistema, não o entregar à lógica do lucro.”
Construída de forma coletiva por parlamentares, especialistas, trabalhadores, movimentos sociais e usuários do metrô, além do Setorial Nacional de Transportes do PT, a carta defende que a gestão pública federal seja mantida e fortalecida com investimentos estruturantes. Segundo o documento, a privatização representa risco de aumento de tarifas, perda de controle social e manutenção do aporte público para garantir lucro privado — modelo já adotado no metrô de Belo Horizonte durante o governo Bolsonaro.
Durante o encontro, Rosa Amorim reforçou: “Esta audiência não é para debater a forma da privatização; é para reforçar politicamente que a alternativa para o transporte público da Região Metropolitana do Recife não é a privatização. Estamos aqui para defender o direito do povo ao transporte público.” Para a deputada Dani Portela (PSOL), o processo de sucateamento é deliberado: “O projeto é precarizar para privatizar. No caso do metrô do Recife, os trabalhadores chegaram a fazer cotas para comprar peças para o sistema. Por isso precisamos de um metrô público e com investimento permanente.”
O historiador, comunicador e militante do PCB, Jones Manoel, também participou do debate e afirmou: “Precisamos cobrar do presidente que não venda o metrô, mas que também não permita privatizar a Compesa, o que só pode acontecer com a participação do BNDES.” A declaração reforçou o entendimento de que a luta contra a privatização do metrô está diretamente ligada à defesa de outros serviços essenciais, como o saneamento básico, ameaçado pelo mesmo modelo de concessão privada.
O presidente do SindMetro-PE e da Federação Nacional dos Metroviários (Ferametro), Luiz Soares, lembrou que experiências anteriores de privatização trouxeram prejuízos à população: “A privatização não dá certo em lugar nenhum. Aqui, a Celpe piorou o serviço e aumentou as tarifas. Em Londres, o metrô foi privatizado e está sendo reestatizado, porque não deu certo. Privatizar não é modernizar — é andar na contramão.” Já o gerente regional de manutenção do Metrô do Recife, Adalberto Nunes de Siqueira, alertou para os impactos da falta de recursos: “Por falta de investimentos, tivemos que suspender o serviço aos domingos e reduzir a velocidade dos trens. O metrô necessita de recursos urgentes para garantir a segurança e o atendimento ao usuário.”
O superintendente interino da CBTU-Recife, Pietro Duarte, destacou a capacidade técnica dos funcionários: “A CBTU tem profissionais de excelência que, com o investimento necessário, podem liderar o processo de reestruturação. Os trabalhadores vestem a camisa e são fundamentais para a operação do sistema.”
A carta ressalta que o metrô deve ser consolidado como política de Estado — instrumento estratégico de integração metropolitana, mobilidade sustentável e redução das desigualdades. A entrega em Brasília marcará um apelo nacional pelo fortalecimento do transporte público como direito social, vetor de desenvolvimento e compromisso com a soberania do Estado frente à pressão privatista.
*Redação e foto são da assessoria de Comunicação.




