
*Por Angelo Castelo Branco.
O que vem sendo reiteradamente denunciado nas redes sociais sobre o aeroporto de Lisboa ultrapassa o limite do aceitável e ingressa no campo da violação da dignidade humana.
Submeter passageiros — muitos deles idosos, crianças e pessoas em condição de fragilidade — a esperas de três, quatro, cinco ou até sete horas na imigração, após viagens intercontinentais de dez ou onze horas, sem conforto, sem informação clara e sem qualquer assistência básica, é desumano, degradante e inaceitável.
Não se trata de um episódio isolado, mas de um quadro recorrente de desorganização, incapacidade operacional e desprezo pelo passageiro.
As filas caóticas, o cansaço extremo e a ausência de apoio expõem pessoas a riscos reais de saúde, transformando a chegada a Portugal em uma experiência de sofrimento e humilhação.
Diante desse cenário, impõe-se uma atitude firme por parte do governo português. Se as autoridades responsáveis não têm condições técnicas, operacionais e humanas de gerir o fluxo de passageiros internacionais com um mínimo de civilidade, é preferível reconhecer a incompetência, suspender temporariamente as operações e reestruturar o serviço.
Fechar para corrigir é menos grave do que manter aberto para torturar.
Um país que se pretende moderno, acolhedor e respeitado não pode naturalizar o caos nem tratar seres humanos como volumes em trânsito.
Ou o aeroporto de Lisboa passa a operar com eficiência, organização e respeito, ou o Estado assume publicamente seu fracasso e age para corrigi-lo. Qualquer outra postura é conivência com o abuso.




