
- É preciso voltar no tempo, para compreender a extensão das marcas deixadas pela invasão dos prédios do Palácio do Planalto, Congresso Nacional e Supremo Tribunal Federal. E para quem pensa que os estragos cingem-se apenas à parte física, cultural e histórica dos aludidos logradouros, está muito enganado.
Quem já tem mais de cinquenta anos lembra que os brasileiros sofreram as consequências dos 21 anos de Ditadura, no País, período esse que deixou inegavelmente algumas marcas positivas no setor das telecomunicações e malha rodoviária, por exemplo.
Na outra banda, o período governado pelos militares – de 1964 a 1985 – deixou a desejar, no campo da cultura, modernização da indústria e avanço na ciência, sem falar no bem maior, que é a liberdade de expressão e, de resto, nos direitos e garantias individuais, resgatados só mais tarde, pela Constituição de 1988.
Pois bem. Diante dos cambaleantes governos de José Sarney, Fernando Collor, Itamar Franco e Fernando Henrique Cardoso, cresceu na alma do povo brasileiro o desejo de colocar o Brasil no mapa do Mundo, especialmente no campo da economia, cuja inflação era galopante, a qual foi estancada só no citado governo de Itamar Franco, com o advento do Plano Real, cujo ministro da Fazenda era o citado FHC.
Vale lembrar que, vivíamos um período de tremenda instabilidade política e econômica, que deu lugar ao nascimento do movimento sindical, o qual, na ausência de líderes qualificados, logo viu-se na figura de Luiz Inácio da Silva, um líder que, tal qual seu colega também sindicalista polonês Leck Walesa, seria o único capaz de tirar o País do fundo do poço, como Lula mesmo se dizia ser essa pessoa.

- Após reiteradas tentativas Lula consegue chegar ao poder, em 2002 para governar o País de 2003 a 2011, num favorável cenário econômico internacional que lhe favoreceu quatro (dos oito) anos de significativas conquistas, especialmente no primeiro período de mandato. Só que, emplaca como sucessora, Dilma Rousselff que, já tendo pego o País em dificuldade, não lida bem com o Congresso e mete as mãos pelos pés, o que ensejou seu Impeachment, em 2017, assumindo o Governo, o vice dela, Michel Temer.
O que não se imaginava era que lá atrás, ainda no governo Lula, houvesse este se envolvido com empreiteiras, naquele que ficou conhecido como o maior escândalo de corrupção do Planeta, cuja apuração suscitou a chamada Operação Lava Jato. Isso resultou na prisão e condenação de dezenas de políticos e empresários, desde figurões do PT (o próprio Lula foi preso por quase dois anos), até lobistas e donos de construtoras gigantes, tudo na base da propina.

- Isso quase leva a Petrobras à falência total e a montanha de escândalos atingiu pessoas de dentro e de fora do País. Resultou desvio de bilhões de dólares da Petrobras, num cenário de promiscuidade nunca visto antes.
Como vimos, no vácuo de lideranças qualificadas (Lula preso e os partidos mergulhados em acusações pra lá de comprometedoras) eis que surge Jair Bolsonaro, prometendo acabar com a corrupção, não uso do cartão corporativo e manter-se longe de políticos inescrupulosos, para mais tarde percebermos que não cumpriu tais promessas.
Como se não bastasse, passou a bater de frente com o Supremo Tribunal Federal, angariando para si também a pecha de negacionista, na desgastante pandemia da Covid-19, tudo isso sem falar no famoso cercadinho do Palácio, onde o presidente falava com apoiadores e aproveitava para mandar seus recados aos desafetos.
Quando já percebia que de fato havia dado com os burros nágua, passou a desqualificar o processo eletrônico de votação, através das urnas eletrônicas, bem como insinuar que não aceitaria ser derrotado nas urnas.
Vieram as eleições e Bolsonaro, apesar do peso da máquina governamental, perde as eleições, enquanto alguns grupos de apoiadores continuam no propósito de não aceitar a derrota, culminando com a fatídica invasão dos prédios sedes dos citados poderes da República, com todas as consequências notoriamente divulgadas.
Como dito, os estragos não ficaram só no campo das depredações. Agora, a preocupação fica por conta da incerteza em que isso tudo vai dar. É que, no intuito de sufocar quem insurja-se “contra a democracia e o Estado de direito”, passe o Supremo a fomentar um cenário de censura, diante de um Congresso Nacional ajoelhado às suas decisões, cuja fadiga possa dá lugar a outro tipo de violência que é a desobediência civil, ante o cerceamento das garantias dos direitos individuais, assegurados pela Constituição Federal.
Ainda é cedo para mensurar-se todos os estragos do que foi feito. Mas uma coisa é certa: Não podemos aceitar, em hipótese alguma, que por pura insensatez, se ameace a paz e estabilidade política, como ocorreu em 1964, em nosso Pais. Um Brasil de pólvora, nunca mais!
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